7 de novembro de 2012

Divagando sobre os quereres



Eu queria mudar tudo, não apenas mudar.
Queria mudar de país ou apenas de lugar. Uma tribo na Indonésia, quem sabe.  Ir pra onde não entendessem a minha língua, onde ninguém entendesse o que eu quisesse dizer, onde seria difícil me entender até com sinais. Queria saber como é comunicar. Aprender a comunicar. Entender a falta da comunicação.

Um lugar onde só tivesse pessoas diferentes de mim.

Queria ir pra um lugar onde eu esquecesse meus óculos e depois fosse pra outro lugar e nunca mais voltar onde esqueci meus óculos. Queria saber como é estar sem se comunicar e sem enxergar.  Queria saber que a dor de cabeça por não poder ver bem iria passar depois de um tempo, ou se eu ia acostumar com a dor.

Lá, nesse lugar, não teria como comprar comida. As pessoas iriam plantar seus alimentos, matar seus alimentos. Um lugar onde não tivesse chocolate, nem cerveja, nem os olhos julgadores das pessoas que reprimem.

Um lugar onde não tivesse banho quente, onde tivesse muito frio, tivesse muito calor. Queria que não tivesse dinheiro, calçados, queria que ninguém tivesse roupas além do necessário. Um lugar onde as pessoas iriam se aquecer com o calor humano, onde teria muito abraço. Talvez eu possa ficar por aqui, talvez eu só precise de um abraço.

Queria lidar com perdas, perdas básicas. Queria saber se perdendo o básico, iria deixar de preocupar com o fútil, se iria entender o fútil. Queria sentir como é dormir e não ter cama, dormir no chão. 

Queria ir para um lugar onde pudesse olhar nos olhos das pessoas e entender. Queria ser entendida num olhar.

Um lugar onde eu pudesse correr, correr e gritar, quem sabe aprender a nadar. Quem sabe gritar embaixo d’água. Quem sabe olhar pro céu e ver estrelas e as nuvens e a lua. 

Queria saber como é perder tudo isso. Tudo que estou olhando agora, tudo que estou pensando agora. Acordar sempre em lugares diferentes, amar eternamente por um dia pessoas que nunca mais iria ver.

Um lugar onde tivesse uma montanha muito alta e poder subir a montanha e passar os últimos dias na montanha. Congelar na montanha.

Quem sabe eu não queira nada disso. Quem sabe eu só queira perder todas essas coisas pra esquecer as outras coisas que eu realmente queria ter e não tenho e não posso ter. Quem sabe eu queira dormir. Quem sabe eu deva dormir. Boa noite. Dormir eu posso ter, tudo.

♪ Não adianta 

4 de novembro de 2012

Ingenuidade ou burrice? Mentira!


Eu não entendo qual é o teu objetivo com esse tipo de atitude. Provar que não te apegas? Que tá cagando pras pessoas que se importam contigo? Só por que uma vez o trouxa foi você, agora faz alguns de trouxa pra aliviar a dor que sentiu? É isso?

Quando eu quis mostrar que poderias confiar em mim, não me dei conta que tu não queres confiar em ninguém. Quis compreender tuas atitudes, mas esqueci de que tu és autossuficiente. Eu não faço parte.

Eu fui mais ingênua do que eu pensava ser. Eu quis tanta coisa, deixei de lado tanta coisa. Eu sei, ninguém pediu nada, mas por algum motivo burro achei que poderia valer a pena.

Agora vejo teu egoísmo. Não acho ruim ser egoísta, a não ser que esse teu egoísmo possa ferir meus sentimentos – o que parece ser o de menos pra ti – meus sentimentos e das pessoas que tu envolveste nisso.

Por muito tempo eu julguei tuas atitudes egoístas como ingenuidade ou medo. Até onde vai teu medo? Até onde vai a inconsciente revolta por uma pessoa foder com a tua vida?

Não acredito que atitudes justifiquem os erros, mas tu não teves culpa? É muito bom fingir que não. Assim a gente pode “ligar o FODA-SE” e não precisa se justificar, como tu mesmo dizes: “eu não preciso dar explicação pra ninguém”.

Eu não quero ser assim, eu não quero perder a fé, por isso eu sempre acredito nas pessoas. Eu não “ligo o foda-se”. Não acho que por que alguns me machucaram, que todos vão machucar. Eu não culpo as pessoas por não saberem o que fazer com o amor que tem dentro de si. Sempre tem alguém disposto a me abraçar, apenas por saber que eu preciso desse abraço. Queria que tu pudesses entender isso. Mas eu não quero te dizer o que entender. Eu não quero te dizer nada.

Não lembro bem como é, mas... quando a gente gosta de alguém e se transforma em dor passa a ser ódio, depois vem a repulsa, até que tudo passa e a gente nem lembra mais como foi gostar daquela pessoa.

Eu pensei em chorar - “chora que passa” - mas agora eu não quero chorar, eu, que choro tão fácil. Não te comova quando eu choro, mas quando seguro o choro. É nessas lágrimas que estão minhas maiores dores. O que eu sei, é que agora tá doendo, posso estar começando a odiar e logo tudo vai passar, TUDO PASSA.

Se me perguntares como eu me sinto, as duas coisas. É assim que eu me sinto hoje: ingênua e burra.


♪ Samba do Grande Amor MENTIRA - Chico Buarque